SOBRE A GREVE 2012


A greve dos técnicos administrativos das Universidades e Institutos Federais ocupou o cenário nacional durante dois meses. Juntamente com mais 39 categorias do serviço público federal, enfrentamos a dura política do governo da União de reservar ao funcionalismo a cota de sacrifícios decorrente da crise internacional. Entretanto, diferentemente do que ocorreu em outros anos, a greve foi marcada pela unidade e pela luta com propósitos claros, como a data-base, uma política salarial para o serviço público federal e a priorização do reajuste no piso em relação à nossa carreira. Em que pese não terem sido atendidas todas as reivindicações, conseguimos abrir significativo espaço na mídia para debater com a sociedade nossas questões e, o que é mais importante, avançamos, apesar da intransigência do governo, abrindo negociação e contemplando reajuste salarial (ainda que insuficiente), além de modificações, como o ganho salarial no plano de carreira até 2015.

Mesas de debate sobre questões pertinentes à categoria, como democratização, terceirização, racionalização de cargos, dimensionamento de pessoal e reposicionamento dos aposentados, também fazem parte do Acordo de Greve e necessitam produzir políticas efetivas. Os últimos temas – racionalização de cargos, dimensionamento de pessoal e reposicionamento de aposentados – já vinham sendo debatidos com o governo desde 2005, sem resultados concretos.  Mesmo que a lei do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administraivos em Educação (PCCTAE), de 2005, tenha previsto o debate sobre a terceirização, o mesmo não se realizou. Agora temos um prazo de 120 dias para a sua realização. Como mesa específica conquistada na greve, ressaltamos a importância do debate sobre democratização das Instituições Federais de Educação, no que nosso Movimento fará especial investimento.

É voz consensual na categoria que o que conquistamos ainda é pouco. Muito pouco, se analisarmos que somos ainda os menores salários do Executivo e que a diferença se torna ainda mais gritante quando comparados com os salários do Legislativo e Judiciário. Irrisório, se comparado com a parcela de 60% de Orçamento da União destinada aos juros da dívida pública. Porém, o cenário em que se travou essa luta não era nada fácil, nacional e internacionalmente, e o resultado dessa greve demonstra muito mais unidade e muito mais clareza da categoria sobre o que necessita estar na pauta de nossos fóruns de organização, no caso a ASSUFRGS e a FASUBRA.

Na UFRGS, na UFCSPA e no IFRS conseguimos, na greve, debater a Universidade e questionar práticas conservadoras, como as eleições para os diversos fóruns de decisão da instituição. Podemos avançar muito mais se estivermos dispostos ao debate franco e unificador com todos os segmentos da comunidade universitária. Entendemos, também, que na ASSUFRGS se abre um período de organização e elaboração para as próximas lutas. Precisamos concentrar esforços em debates cruciais, como o direito à negociação coletiva do serviço público - ratificação e normatização da convenção 151 da Organização Internacional do Trabalho (OIT); definição de data-base e política salarial; direito de greve; organização e estrutura sindical; carreira e relações de trabalho; políticas públicas; e ampliação da participação da categoria no sindicato.

O Movimento União e Olho Vivo – que congrega colegas independentes não organizados em correntes, interessados nos debates gerais e específicos, o núcleo da Corrente Sindical Classista e a CUT Socialista e Democrática (CSD) – acredita que essa greve teve resultado positivo, pois se realizou na conjuntura certa, com a unidade necessária e a visão pertinente dos limites da luta. Dessa forma, atuamos com todos os ativistas da greve, dialogando inclusive com colegas que não aderiram ao movimento e com outros agrupamentos com o propósito de tornar a categoria vitoriosa.

Será dessa forma que continuaremos atuando. Nossa ação está centrada na proposição de políticas para a categoria, sempre buscando a unidade, apesar das diferenças, e respeitando todas as opiniões. A história de luta da categoria dos técnicos administrativos das Universidades e Institutos nos mostra que, quando assim atuamos, tornamos realidade pontos importantes de nossas reivindicações.
                       

UNIÃO E OLHO VIVO - Movimento em defesa da democratização, transparência e pluralidade de idéias e ações na ASSUFRGS - porque queremos fazer de nossa intervenção nos espaços em que atuamos algo crítico, politicamente amadurecido, bonito, comovedor, transformador e que se concretize na melhoria das condições de nosso fazer como trabalhadores das Universidades e Institutos Federais e no aprimoramento dessas Instituições para servir mais e melhor à sociedade.



Adriana Ramos (IFRS), Aloísio Jorge (DAS-PROGESP), Ana Lúcia (Bib. IFCH/IL-BSCSH), Antonio Falcetta (SECOM), Arthur Bloise (Psicologia), Carmen Almeida (Aposentada), Cláudio Bevilácqua - Erexim (Física), Erica Santos (Creche), Eugenio Hansen (Bib. Central), Eva Mello (Faced), Flamarion Martins (PROGESP), Gerson Millan (SEAD), Gilmar Gomes (Economia), Igor Pereira (Artes), Joana Oliveira (RU3), Jonacir Rolim (Vigilância), José Luiz Rockenbach (Neco)- (Sensoriamento Remoto), Julio Souza (Aplicação), Julio Souza (Aplicação), Leonel Maia (PROPG), Luci Jorge (DAS-PROGESP), Marcelo Carbonell (Faced), Mariana Kraemer Betts (Psicologia), Marisane Odorizzi (Bib. Central), Mirian Rejane Machado da Silva (Psicologia), Paulinho (HCVET), Rafael Tams (FABICO)Rosana Fogaça (Farmácia), Rosane Caminski (SAE)Rosângela Bjerk (IFRS), Sandra Kicheloski (Aplicação), Tônia Duarte (Aposentada), Vânia Guimarães (Odonto)Zé Osório (Veterinária).

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